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sábado, 26 de janeiro de 2013

1º e único Congresso de Profetas do Monte Carmelo

Enfim chegou o dia do primeiro e único congresso misto de profetas, a reunião mais esperada do litoral norte do Mediterrâneo, apesar que foi "resolvido do dia para a noite", não foi programado com antecedência humana (I Rs 18.1), mesmo assim era algo previsível diante do caos instalado pela seca (I Rs 17.1) ou será que ninguém percebeu que aquela disciplina era prenúncio de uma grande ação de Deus. Seria um fechamento com chave de ouro, ou melhor, com chave de fogo.

O local escolhido não poderia ser melhor, não pela localização geográfica, mas sim pelo contexto histórico, social e étnico de seu entorno e pela religião predominante naquela nação. Quem sabe a repercussão não seria tão grande e satisfatória caso este congresso fosse realizado em algum outro monte, talvez naqueles que estão em volta de Sião (Sl 125.2), ou nos montes da benção e maldição, Gerizim e Ebal respectivamente (Dt 27.12-13) ou tampouco no Monte Hermon (Sl 133.3), o qual permite o rio Jordão dar seus primeiros sinais de vida em suas encostas.

Eis ai o convite para o grande congresso:

1º Grande Congresso e misto de profetas do Monte Carmelo

Tema: “Sirvam os deuses, caso eles derem sinais de vida”
(Cfe 1 Rs 18.21).

Local: Monte Carmelo, o monte do fogo.

Objetivo: Resgatar o monoteísmo hebreu.

Cooperação: congregação dos israelitas (em peso).

Hinos oficiais: “Só o Senhor é Deus”, “Manda fogo”, “Dias de Elias”.

Cantores oficiais: Grupo “Ex-coxeadores”.

Pregadores: Elias, o canela[1] de fogo e no próximo será Eliseu.

Temos promessas de muitas conversões!

Elias recebeu a ordem para organizar o evento e partiu rumo ao local estabelecido por Deus. Sua tarefa era avisar ao rei (1 Rs 18.1) e encarregá-lo de reunir todo o reino e principalmente preparar as 850 pessoas que profetizavam em nome de Baal (1 Rs 18.29). Imagino que um grande número destes profetas deve ter tremido na base, “coxearam entre dois pensamentos” também, pois entregar mensagenzinhas para agradar ao apostata rei era fácil: “Vive o rei, Baal é contigo, teremos chuvas e colheitas abundantes, depois que Baal ressuscitar e coabitar com a própria mãe no início da primavera, ok”, mas agora enfrentar o Deus único e verdadeiro, o Deus de Israel (Dt 6.4), o único digno de louvor e adoração (Sl 81.9), tremam todos os moradores da terra (Jl 2.1).

Os profetas de Baal temeram sim, quem sabe não tinha entre eles alguns desviados e seduzidos pelas ofertas mundanas de Jezabel, portanto deviam conhecer alguns dos muitos feitos de Deus, assim como as nações vizinhas, na época, que se preocupavam uma com a história das outras, com a religião e profecias, para não serem pegas de surpresa, tal como a prevista saída do Egito, logo na entrada (Gn 48.21; 50.25) ou antes mesmo com o primeiro patriarca (Gn 15.13-14) e o advento do Messias (Is 9.6), entre outras.

A campanha do Carmelo não seria tão demorada quanto a de Jericó, ocasião em que Israel rodeou a cidade por seis dias e no sétimo a rodearam sete vezes. Não seria preciso darem um grande abraço humano no monte, ou levantarem suas vozes em altos clamores ou tampouco percorrer toda a sua extensão à procura de “gravetos de fogo”.

O congresso foi realizado em apenas um dia, algo bem rápido, direto e sem blá, blá, blá, sem muitos pormenores, mas este dinamismo somente foi visto quando a oportunidade foi passada para Elias, pois enquanto os profetas de Baal estavam lutando entre si e contra a sua divindade, que suplicio, que demora, até mesmo a rainha, a chefe, foi embora não suportando tamanha enrolação (cfe  1 Rs 19.1), já que depois seu marido lhe contou tudo o que havia ocorrido com seus profetazinhos. Imagino que eles olharam uns para os outros e disseram: “apertem o cinto A PILOTO sumiu”.

Correria, trocaram o turno, turma, equipamentos, literaturas, bezerro, altar, lenha, cânticos, trocaram até mesmo de posição, ficaram em cima do altar, de cabeça para baixo, pularam, saltaram (1 Rs 18.26), mas nada de respostas.

Que decepção, mas nada foi tão triste para eles quando olharam para o lado e não viram[2] a sacerdotisa principal (1 Rs 19.1 cf I Rs 18.19), a que se dizia profetisa (Ap 2.20 cf I Rs 19.2), pois em sua profecia contra Elias, ela acertou somente na parte final: “me façam os deuses e outro tanto”, então o Deus e não os deuses cumpriu o predito. Ela foi morta como seus profetas e foi lhe acrescido o “outro tanto”. Virou ração e comida para cães (2 Rs 9.35-36).

O objetivo principal deste congresso foi resgatar o monoteísmo hebreu, ora afetado pelos ensinamentos de Jezabel e sua turminha, pois eles conseguiram dividir o coração de Israel. O estrago foi pior, antes tivessem se desviado por completo (cfe Ap 3.15-16). Como ficavam expostos quando coxeavam entre dois pensamentos.

Os israelitas, aos poucos, estavam esquecendo o que aprendiam, na tenra infância, através dos primeiros ensinamentos de seus pais, momento em que declaravam confiantes em seu coração, cheios de orgulhos pelos feitos do passado: “SHEMA YISRAEL ADONAI ELOHENU ADONAI ECHAD – ouve, Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor – Dt 6.4).

Jezabel alcançou seu objetivo, a ponto de Israel se esquecer, por alguns instantes, que não poderia ter outros deuses além do Único (Sl 81.6). Diante desta situação não faltava mais nada para os israelitas, ou teriam coragem de declararem que Baal os havia tirado do Egito, assim como os seus pais fizeram no deserto, quando tiveram a petulância de atribuírem a um bezerro[3] de ouro, os feitos pré e pós saída do Egito, isto depois de acusarem a falta do líder Moisés, que estava na presença de Deus no monte Sinai, no mesmo local onde havia ocorrido o primeiro encontro entre eles (Ex 3.1; 3.12).

A consequência por esta falha foi a morte de todos os idólatras, pois “os do Senhor”, os levitas (Ex 32.26 cf Nm 8.14), os guardiões e eliminadores de idolatras entraram em ação (Ex 32.28), tal como o povo converso, após a descida do fogo do céu, quando Elias ordenou que lançassem mão dos profetas mentirosos (1 Rs 18.40).

Ao pé do Sinai, também coxearam entre dois pensamentos e acusaram a falta do líder, mas no Carmelo reconheceram Deus como único e se submeteram à liderança de Elias, por isto que estes dois homens são fortíssimos candidatos[4] a serem a dupla de testemunhas nos derradeiros dias da humanidade (Ap 11.3-6).

No deserto os idólatras se tornaram semelhantes ao bezerro de ouro (cfe Sl 115.8), o deus que foi eleito entre eles, pois ficaram inertes, mortos e calados para todo o sempre. No Carmelo, os profetas de Baal também se tornaram semelhantes a ele, morreram e não ressuscitariam no inicio da primavera para coabitarem com as próprias mães.

Foram mortos dentro de sua própria nação, no berço de sua religião, diante dos narizes de seus governantes e até hoje Israel não sofreu represálias por este ato. Eles ficaram felizes com a limpeza feita por Elias naquele dia. Quem sabe não declararam: “Realmente há um Deus em Israel”.

Referências:
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003

Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2003

JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. De Abraão a queda de Jerusalém. 8ª Ed. Traduzido por Vicente Pedroso. Rio de Janeiro. CPAD, 2004



[1] Quem sabe não foi nesta ocasião que surgiu esta expressão: “canela de fogo”.
[2] Todos foram convocados. Sem exceção, inclusive Jezabel, esposa do rei, ela fazia parte do reino, mesmo sendo sendo de outra nação.
[3] Foram inspirados pelos deuses egípcios Ápis e Hator, touro e novilhas respectivamente (BAP – Ex 32.4-5).
[4] Evidências: fogo sairá da boca deles e devorará o inimigo (cf 2 Rs 1.9-14). Terão poder para fechar o céu para que não chova nos dias de sua profecia (cf 1 Rs 17.1) e poder para transformar água em sangue (Ex 7.20).

Por: Ailton da Silva - Ano III

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