Páginas

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A vinha de Nabote . Plano de aula

TEXTO AUREO

“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).

 

VERDADE PRATICA

A trama orquestrada pela rainha Jezabel e o rei Acabe contra Nabote demonstra quão danoso é render-se aos desejos da cobiça e de uma satisfação pessoal.

 

LEITURA BIBLICA EM CLASSE - 1 Rs 21.1-5, 15, 16

1 – E sucedeu, depois destas coisas, tendo Nabote, o jezreelita, uma vinha que em Jezreel estava junto ao palácio de Acabe, rei de Samaria,
2 - que Acabe falou a Nabote, dizendo: Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, pois está vizinha, ao pé da minha casa; e te darei por ela outra vinha melhor do que ela; ou, se parece bem aos teus olhos, dar-te-ei a sua valia em dinheiro.
3 - Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o SENHOR de que eu te dê a herança de meus pais.
4 - Então, Acabe veio desgostoso e indignado à sua casa, por causa da palavra que Nabote, o jezreelita, lhe falara, dizendo: Não te darei a herança de meus pais. E deitou-se na sua cama, e voltou o rosto, e não comeu pão.
5 - Porém, vindo a ele Jezabel, sua mulher, lhe disse: Que há, que está tão desgostoso o teu espírito, e não comes pão?
15 - E sucedeu que, ouvindo Jezabel que já fora apedrejado Nabote e morrera, disse Jezabel a Acabe: Levanta-te e possui a vinha de Nabote, o jezreelita, a qual ele te recusou dar por dinheiro; porque Nabote não vive, mas é morto.
16 - E sucedeu que, ouvindo Acabe que já Nabote era morto, Acabe se levantou, para descer para a vinha de Nabote, o jezreelita, para a possuir.

 

PROPOSTA DA LIÇÃO

          A terra pertencia ao Senhor. Herança divina sob concessão;

          Acabe se submeteu a Lei, Jezabel não!

          A vinha de Nabote fazia sombra na mansão de Acabe;

          Aquela vinha seria transformada em uma horta;

          Jezabel arquitetou seu plano com a ajuda dos “nobres”;

          Nabote foi morto com ares e requintes de espiritualidade;

          Ninguém descobriu o plano de Jezabel, exceto Elias;

          Acabe se arrependeu, mas Jezabel não!

          Acabe fracassou porque deu ouvidos a uma pagã, idólatra.

 

INTRODUÇÃO

O episódio envolvendo o rei Acabe e a vinha de Nabote foi uma das maiores injustiças cometidas contra um homem inocente, registradas na Bíblia. Um fato triste, pois é possível ver até onde pode chegar um coração cobiçoso, capaz de contrariar os ensinamentos da Lei (Ex 20.17).

 

Acabe, um homem poderoso, acrescentou em sua biografia um fato que conturbou ainda mais o período em que esteve no reinado em Israel. Ele pisou em um de seus fiéis súditos para satisfazer o seu desejo de possuir ainda mais, do que já possuía. A cobiça abriu as portas para outros males, sobre isto o professor José Roberto A. Barbosa escreveu:

 

“Por causa da cobiça o ser humano pode fazer males terríveis aos outros, enganar, furtar e até mesmo matar (Gn. 4.1-7). Alguns discípulos de Jesus se deixaram levar pela cobiça, não pelo dinheiro, mas por posição (Lc. 22.24). A pessoa cobiçosa nunca encontra satisfação, pois deseja sempre mais, não consegue estar contente (Ec. 6.7). Foi justamente isso que aconteceu com Acabe, que desejou a vinha de Nabote, cobiçando o que não lhe pertencia (I Rs. 21.2). O monarca israelita queria aquela herdade porque esta estava localizada próxima a sua residência (I Rs. 21.1). O rei estava dominado pelo desejo de possuir, demonstrando ausência de domínio próprio. Esse é um sentimento bastante comum entre aqueles que não encontram satisfação em Deus”.

 

Acabe matou Nabote e apropriou-se de suas terras. Todavia, não pode usufruir do fruto de seu pecado, pois a sua primeira atitude o levou de mal a pior. O Senhor, através do profeta Elias, o denunciou e o disciplinou.

 

É triste saber que soberanos governantes e reis injustos governam, mas é mais maravilhoso saber que um Rei justo governa todo o universo. Mas por outro lado, o fato nos revela a manifestação da justiça divina ante as injustiças dos homens.

 

I – O OBJETO DA COBIÇA

1 – O DIREITO À PROPRIEDADE NO ANTIGO ISRAEL

A terra pertencia ao Senhor (Lv 25.23) e os israelitas da Antiga Aliança eram conscientes de que tinham o direito de explorar a terra como uma concessão, para cultivarem-na para sua subsistência (Nm 34.7; 36.7-9). Assim sendo, Nabote não poderia vender aquilo que fora dado como herança divina, a não ser que fosse por extrema pobreza, ainda assim com direito ao resgate no ano do jubileu (Lv 25.8-12) e por sua vez Acabe não poderia cobiçar o que não era seu de direito, já que a lei assegurava e protegia este direito dos israelitas (Nm 36.7).

 

Acabe, também possuía seus bens, suas riquezas e propriedades, seus palácios, imaginem o “escândalo”, que tanto ele quanto Jezabel fariam caso alguma nação tentasse tomar (1 Rs 20.3) de suas mãos o controle sobre tudo?


2 – A HERANÇA DE NABOTE

Acabe queria a vinha de Nabote a qualquer custo, mas o súdito recusou, pois não queria se desfazer de sua herança (1 Rs 21.3), por isto invocou o poder da lei para proteger o seu direito. “Ele considerava aquela propriedade uma herança inegociável, e cuja venda implicaria em transgressão(Lv 25.13-28; Nm 36.7-9), mas do outro lado estava o insaciável Acabe e sua calculista esposa, sobre os quais o professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:


“[...] aquele espaço de terra, era o seu objeto de maior desejo. Por ser rei, imaginava que podia atropelar a lei de Deus e emplacar injustiça social. Para concretizar o seu intento, esse rei fraco e sem personalidade arquitetou, em conluio com sua impiedosa esposa Jezabel, uma das mais sórdidas tramas registradas nas páginas Sagradas: a morte do inocente Nabote. Mas, o juízo de Deus foi severo contra a casa de Acabe”.

 

Diante da recusa se iniciou o período depressivo de Acabe, já que ele triste, indignado (1 Rs 21.4), viu que sua riqueza, autoridade e poder nada eram diante da Lei, a qual ele também deveria se submeter (I Sm 10.25), mas neste momento entrou em cena sua esposa, que viera de um reino pagão, ficou escandalizada com esse fato, pois entre os reinos gentios os governantes não eram apenas soberanos, eram também tiranos (1 Rs 21.6-7). Como foi fácil para ela arquitetar o plano a fim de se apossar da vinha do pobre Nabote (1 Rs 21.8-14).

 

II – AS CAUSAS DA COBIÇA

1 – A CASA DE CAMPO DE ACABE

Acabe possuía uma segunda residência em Jezrell (1 Rs 18.45-46), era uma espécie de casa de verão, justamente próxima a vinha de Nabote (1 Rs 21.1), portanto o rei possuía uma casa real, uma casa de campo, mas não estava satisfeito, queria possuir mais, ter mais. O seu capricho apontava para a pequena vinha de seu súdito, que seria transformado em uma horta, conforme o seu maior desejo.

 

É uma verdade que muitas pessoas, mesmo sendo ricas, não se satisfazem com o que tem. Querem mais e mais, e assim mesmo não conseguem encontrar satisfação. Nenhum ser humano conseguirá satisfazer-se plenamente se o centro de sua satisfação não estiver em Deus.

 

2 – A HORTA DE ACABE

Acabe estava dominado pelo desejo de “ter”, de “possuir”. Somente a casa de verão, que sem dúvida era majestosa, não lhe satisfazia, queria agora construir ao seu lado uma horta para que seus desejos pudessem ser realizados. Não importava em quebrar o mandamento divino? “não cobiçaras” (Ex 20.17). Mais do que qualquer motivação externa, Acabe estava totalmente dominado pelos desejos cobiçosos de seu coração. Mal imaginava ele que Nabote jamais venderia ou trocaria sua propriedade, rica em tradição, história e protegida pela Lei, para que fosse transformada em uma horta. Sobre isto o professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:

 

“Nabote de que ele não deveria vendê-la nem trocá-la por outra propriedade. É provável que Nabote tenha sido criado naquele terreno, dedicando-se com seus pais ao cultivo de uvas. Se Nabote tivesse feita essa venda ou trocada por outra vinha, ele teria transgredido não só uma tradição, como também a sua consciência (cf Lv 25:23-28; Num 36:7ss). Acabe reconhecia isso; ele era cônscio de que Nabote estava religiosamente obrigado a conservar a posse de sua terra e que essa obrigação não poderia ser contrariada. Entretanto, ele ainda assim queria essa área; ele estava totalmente dominado pela cobiça, qual um viciado de drogas; somente a casa de verão não lhe satisfazia, queria agora construir uma horta ao lado dela para que seus desejos pudessem ser realizados”.

 

Jamais devemos incorrer no erro de achar que os fins justificam os meios, e assim quebrar a Palavra do Senhor em busca de um desejo meramente egoísta.



III – O FRUTO DA COBIÇA

1 – O FALSO TESTEMUNHO

As atitudes de Acabe foram acontecendo como reação em cadeia, como prova de que um desejo pecaminoso não gera frutos bons. O problema primeiro era somente com Acabe, mas ele conseguiu envolver sua famigerada mulher, Jezabel (1 Rs 21.7). O plano para se apossar da vinha de Nabote saiu de sua mente, envolvendo várias pessoas nesse intento, incluindo os nobres do reino (1 Rs 21.8) e com o consentimento de seu marido. Ela acusou o pobre súdito de blasfêmia contra Deus e contra o rei (1 Rs 21.10). O simples desejo de cobiça evoluiu para o falso testemunho, revestido de uma falsa espiritualidade e ritual religioso (1 Rs 21.9-10).

 

2 – ASSASSINATO E APROPRIAÇÃO INDEVIDA

A trama “jezabélica” precisava ser bem feita para não gerar desconfiança, por isto a protagonista proclamou um jejum, como sinal de lamento, por haver Nabote blasfemado contra o Deus de Israel (1 Rs 21.9).

 

Esta prática religiosa foi usada para dar uma roupagem espiritual ao caso. Como foi planejado, Nabote e sua família foram apedrejados e mortos injustamente, conforme mandava a Lei (cf Lv 24.13-16), desde que as testemunhas tivessem mesmo presenciado a blasfêmia, fato este que não ocorreu (cf Dt 17.6-7). Quantas vezes a Bíblia é usada para justificar práticas pecaminosas!

 

O problema de Acabe foi resolvido, então agora ele poderia se apoderar da definitivamente da vinha do falecido (1 Rs 21.16). Um abismo chama outro abismo. O pecado havia evoluído de cobiça para falso testemunho e por fim para assassinato.


IV – AS CONSEQUENCIAS DA COBIÇA

1 – JULGAMENTO DIVINO

Tanto Acabe quanto sua esposa, Jezabel, estavam convencidos de que ninguém mais sabia dos seus intentos. De fato, ninguém dentre o povo soube dos bastidores dessa estratagema diabólica, exceto Elias, o Tisbita. Tão logo Acabe apossou-se da vinha de Nabote, Deus ordenou ao profeta Elias que se apresentasse ao rei para lhe proclamar o juízo divino (1 Rs 21.19-23). Alguém pode até enganar aos homens, mas nunca ao Senhor. Diante dEle todas as coisas estão patentes (Hb 4.13).

 

O casal real havia provocado à ira de Deus com a idolatria, até então, por este episódio, eles não conheceram na sua totalidade os juízos divinos, mas a morte do inocente Nabote não poderia ficar impune. Sobre isto o professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:

 

Acabe e sua mulher Jezabel muito haviam irado o Senhor por causa da intensa idolatria e da quase substituição do Senhor por Baal como deus nacional do reino do norte. Entretanto, a morte de Nabote, planejada covardemente por Jezabel, motivada pela cobiça do rei Acabe, foi a “gota d’água” da ira de Deus. Por causa disto, Deus sentenciou toda a casa de Acabe à morte (1Rs 21; 2Rs 10:1-14). A sentença do julgamento de Acabe e Jezabel foi transmitida por Elias, o profeta [...]  (1Rs 21:18,19,23). Acabe ainda se recusou a admitir seu pecado contra Deus; em vez de fazê-lo, acusou Elias de ser seu inimigo (cf 1Rs 21:20). É quase impossível que os que se tornam cegos pela cobiça e pelo ódio, enxerguem seus próprios erros”.


2 - ARREPENDIMENTO E MORTE

Duas atitudes podem ser tomadas diante de uma sentença divina de julgamento: arrepender-se ou rejeitar a correção. Acabe, logo após receber a profecia sentenciando a sua morte, rasgou as suas vestes e cobriu-se da sua carne de pano de saco e jejuou (1 Rs 21.27-29).

 

Acabe, um dos piores reis, senão o pior, se arrependeu e Deus atentou para o seu ato, adiando temporariamente o castigo (1 Rs 21.29), mas mesmo assim não teve como se livrar das consequências de suas ações (1 Rs 22.29-40; 2 Rs 1.1-17). Ele, Jezabel e sua “família foram eliminados, da mesma maneira como as dinastias anteriores foram rejeitadas por causa de seus pecados” (1 Rs 22.38, 2 Rs 9.30 a 10:28).

 

CONCLUSÃO

Portanto, diante da história de Acabe fica provado que o pecado não compensa. Todas as nossas ações terão consequências, e algumas elas extremamente amargosas. Deveríamos medir nossas intenções primeiramente pela Palavra de Deus e somente assim evitaríamos dar vazão aos nossos instintos. Nossas ações glorificariam a Deus em vez de satisfazer nossos egos. Acabe fracassou porque esqueceu-se da Palavra de Deus, preferindo ouvir e seguir a orientação de uma pagã que nada sabia sobre a Lei do Senhor. Quando alguém quebra a Palavra de Deus, na verdade, é ele que esta se quebrando.

 

OBJETIVOS DA LIÇÃO:

1) Identificar o objeto da cobiça de Acabe:

·         Vinha de Nabote, sua herança inegociável.

 

2) Citar as causas da cobiça:

·         Casa de campo de Acabe que ficava próxima a vinha;

·         Desejo de possuir o que não era seu.

 

3) Conscientizar-se dos frutos e consequências da cobiça.

·         A cobiça evoluiu para falso testemunho;

·         Assassinato e apropriação indevida.


REFERÊNCIAS
BARBOSA, Francisco de Assis. A vinha de Nabote. Disponível em: http://auxilioebd.blogspot.com.br/2013/02/licao-7-vinha-de-nabote.html. Acessoem 13 de fevereiro de 2013.

BARBOSA, José Roberto A. A vinha de Nabote. Disponível em: http://subsidioebd.blogspot.com.br/2013/02/licao-07.html. Acesso em 13 de fevereiro de 2013.

Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003

Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2003.

CARNEIRO FILHO, Geraldo. A vinha de Nabote. Disponível em: http://pastorgeraldocarneirofilho.blogspot.com.br/2013/02/1-trimestre-de-2013-licao-n-07-17022013.html. Acesso em 14 de fevereiro de 2013.

Estudantes da Bíblia. A vinha de Nabote. Disponível em: http://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/2013/2013-01-07.htm. Acesso em 15 de fevereiro de 2013.

LOURENÇO, Luciano de Paula. A vinha de Nabote. Disponível em: http://luloure.blogspot.com.br/2013/02/aula-07-vinha-de-nabote.html. Acesso em 14 de fevereiro de 2013.

SILVA, Eliezer de Lira. A busca do caráter cristão – aprendendo com homens e mulheres da Bíblia. Lições Bíblicas. Faixa Jovens e Adultos. 3º trimestre de 2007. Casa Publicadora das Assembléias de Deus, CPAD, 2007.

NEVES, Natalino das. A vinha de Nabote. Disponível em: http://www.slideshare.net/natalinoneves1/2013-1o-tri-lio-7a-vinha-de-nabote. Acesso em 13 de fevereiro de 2013.

Por: Ailton da Silva - Ano IV

Nenhum comentário:

Postar um comentário