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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Dois ventos. Mesma direção. Objetivos diferentes


a) Vento Oriental diurno e noturno – para devastação (Ex 10.13).
Deus trouxe sobre a terra um forte vento oriental durante o dia todo e a noite. E aconteceu que pela manhã havia gafanhotos. Houve devastação, pois se tratava da oitava praga sobre o Egito em virtude da teimosia de seu insano e irresponsável[1] governante.

Este vento oriental que agiu durante o dia e noite apareceu justamente para tirar a paz e o sossego dos egípcios, que já estavam espiritualmente abalados, pois não criam mais na proteção de seus infinitos, animalescos, aterrorizantes e medíocres deuses.

Tudo o que houvera acontecido naquela nação nos últimos dias com as sete pragas anteriores, serviu para provocar muitas dores de cabeças, traumas, medos e incalculáveis prejuízos materiais sem contar o tormento mental que assolou a vida dos pobres egípcios. Eles não sabiam mais se criam seus deuses carregáveis ou no Deus Único e Verdadeiro dos hebreus. A conversão era evitada a todo custo. Imaginem o reboliço caso a mudança de lado fosse pública como hoje? Um possível novo convertido tinha que ser muito corajoso. Imagino muitos egípcios refletindo, meditando ou reavaliando sua crença em suas abomináveis imagens.

Agora imaginem o desespero que sobreveio sobre os egípcios quando ouviram o primeiro barulho do vento que se formava ao leste? Correria, gritaria, choros, por anteverem novas perdas e danos. Alguns céticos apenas olhavam e não imaginavam fatalidades, seria somente mais uma ventania. Realmente foi uma ventania sem precedentes na história da humanidade até então conhecida.

Os mais lúcidos devem ter dito: “alguém, por favor, nos dê uma boa notícia. Chega de catástrofes. Diga que não virá o pior sobre nós novamente”.

O mesmo acontece conosco hoje, pois um vento oriental, de origem maligna, sopra durante o dia e noite com a intenção de devastar, tirar a nossa paz, nos afastar de Deus e tirar o que já temos recebido de bom.

Engraçado é que justamente durante o dia que ocorre o bombardeio, por parte do inimigo de nossa alma. Informações aos montes, preocupações sem fins, medos aflorados, perturbações intensas, reações inesperadas, contendas uma atrás das outras e por ai afora. É uma ventania sem precedentes.

Durante o dia encontramos várias pessoas que em regra sabem mais do que nós, possuem muito mais informações. Geralmente toda esta carga recebida serve somente para nos atribular ainda mais. Algo mais ou menos assim: “você ficou sabendo da última? Você soube o que aconteceu? Você viu o que falaram? Você viu o que fizeram”? Alguém, por favor, me traga boas notícias, por favor! Vou falar como alguns desesperados egípcios: “Chega desta ventania nojenta”.

Este vento sopra durante o dia e noite e se tivesse mais algum período no tempo, certamente ele também estaria agindo traiçoeiramente. Um vento que vem para atingir nossa estrutura, tal como ocorrera com os discípulos de Jesus quando enfrentaram uma estrondosa ventania (Mc 4.35-41), que seria capaz de destruí-los, porém havia um diferencial, a mira do vento estava no barco e não nos homens que estavam ali, até então se sentindo protegidos, ainda mais com Jesus presente. Será que alguns deles também não devem ter dito: “não aguento mais ventos, perseguições, ondas, blá, blá, blá”. Algo bem familiar, costumeiro e conhecido nosso.

A intenção do maligno era atingir primeiro a estrutura que dava confiança e segurança aos homens, por isto o ataque ao barco foi intenso. Assim haveria pânico e desconcentração. Eu não consigo imaginar as ondas e vento procurando homens para serem açoitados, tal como fazem as anacondas de Hollywood, que são direcionadas por ondas eletromagnéticas ou pelo calor do corpo humano, ou quem sabe pelo desespero. A ideia que aceito é a de um barco sendo atacado por todos os lados para ser destruído e consequentemente contribuir para a morte dos embarcados.

Foi o mesmo que aconteceu no caso do naufrágio de Paulo, enquanto estava sendo escoltado para Roma como prisioneiro dos “senhores do mundo” (At 27.13-20). De inicio foi um vento fraco, que eles imaginaram tirarem de letra, ainda mais com a experiência de grandes navegadores do Mediterrâneo. Depois apareceu o “Nordeste” (NTLH) ou o Euro-aquilão, vento muito forte que os arrastou, na verdade, acoitou o barco até que despedaçasse por completo sobrando somente algumas peças em quais os prisioneiros e tripulação aproveitaram para se salvar.

O vento atingiu o barco, mas preservou todos os que foram incluídos na revelação recebida por Paulo: “ninguém vai morrer; vamos perder somente o navio” (At 27.22 NTLH). Ele disse isto rindo, satisfeito e com uma confiança nunca vista. “O barco em que estamos agora, vai se despedaçar e todos sobreviverão”. Como entregaríamos uma mensagem deste porte com segurança? Se estivéssemos envolvidos no provável sinistro, o desespero afloraria. Duvido que possa existir reveladores com tamanha calma. Acho que seria assim: “Deus me revelou, mas agora é pernas pra que te quero. Um por todos e todos por um”.

Então estes dois ventos, o enfrentado pelos discípulos e multidão que os acompanhava em seus barquinhos (Mc 4.36), na companhia de Jesus e bem como o encarado pela comitiva romana que escoltava o “perigosíssimo” apóstolo dos gentios, foram em tese semelhantes ao soprado durante o dia e noite no Egito, somente por um detalhe, a fonte, já que os dois primeiros foram de origem maligna, para destruir, impedir o início e crescimento da obra de Deus e para não permitir que perigosos prisioneiros ouvissem a Palavra e vissem milagres, sinais, prodígios e maravilhas, enquanto que o primeiro vento visto no Egito foi para correção, para colocar tudo em seu devido lugar, para mostrar realmente quem é o Verdadeiro e Único Deus na terra, céu e mares.

b) O vento oriental noturno – para salvação (Ex 14.21)
Moisés estendeu a mão sobre o mar, mas não abriu o mar com este gesto, foi somente para que os hebreus vissem que algo estava por acontecer, foi tipo um: “prestem atenção”. Então Deus soprou um vento leste (NTLH), oriental toda aquela noite para que o mar se tornasse em terra seca. Não foram ouvidos gritos de desespero como no início da ventania anterior (Ex 10.13), pelo menos no lado dos hebreus, na verdade o que se ouviu foram júbilos diante de uma cena, nunca vista antes na história da humanidade. Creio que do lado egípcio alguém deve ter gritado: “De novo não, outro vento, chega, não aguento mais, eu entrego os pontos. Não mexo mais com o Deus dos hebreus. Fui”.

Este vento noturno, que abriu o mar Vermelho, não pode ser associado ou comparado ao diurno e noturno, o vento dos gafanhotos, muito menos ao que assolou[2] os discípulos de Jesus e ao que provocou o naufrágio do barco de Paulo.

Este vento noturno trouxe ares refrescantes para os hebreus, gostinho de quero mais, representou uma doce vitória. O primeiro vento do Egito abriu as portas para a devastação, agora o segundo abria a porta para salvação de toda uma nação.

O vento noturno arrancou suspiros aliviados e de alegria dos hebreus. O anterior trouxe o espanto e o terror antes da destruição. Dois ventos, mesma origem, mas com objetivos bem diferentes. Deus sabe o que faz.

Referências:
Bíblia de estudo aplicação pessoal - BAP (ARC). CPAD, 2003.

Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008

Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje (NTLH). Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.

A Bíblia Viva. Edição para todos. Associação Religios Editora Mundo Cristão.


[1] Muitos alguns inocentes egípcios morreram e muitos prejuízos foram vistos no Egito devido a teimosia insana de Faraó.
[2] Os discípulos de Jesus não deveriam se apavorar, pois a grande maioria era pescadores experientes.
Por: Ailton da Silva - Ano V

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