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sábado, 11 de outubro de 2014

Neemias: como sair do anonimato - Capítulo 11


CAPÍTULO 11
C.A.C.A.
CONFISSÃO – ARREPENDIMENTO – CONCERTO – AVIVAMENTO

1. CONFISSÃO (ANTECEDEU O ARREPENDIMENTO):
Israel sempre foi alertado sobre o perigo da desobediência, mas ignoraram estes avisos imaginando que não estariam assim tão próximos do juízo de Deus. Após o avivamento, algo que como escamas lhes caíram dos olhos, e entenderam que o tempo do cativeiro houvera sido uma consequência da apostasia, idolatria, imoralidade e injustiça.

O convívio com os babilônicos foi um período de muitas perdas e prejuízos à identidade de Israel, mas por outro lado foi um tempo de refrigério e concerto para eles.

Os judeus não resistiram ao quebrantamento promovido pela exposição da Palavra (leitura, ensino, explicação, entendimento e aplicação), pois Ela é viva, eficaz e penetrante (Hb 4.12), tanto que firmaram um novo concerto com o Senhor. Tradicionalmente havia somente uma forma de demonstrarem que estavam realmente avivados e arrependidos dos seus pecados, que era o jejum e as vestes de panos de sacos (9.1-3). Isto era prova de que o avivamento havia produzido o efeito desejado. O verdadeiro arrependimento seria fruto do verdadeiro avivamento.

A leitura da Lei gerou uma contrição e resultou na confissão dos pecados (Pv 28.13), por isto o avivamento espiritual não demorou a acontecer. Entenderam a Palavra, choraram pelos pecados (8.9), se humilharam e quebrantaram os corações diante de Deus, ações suficientes para que evitassem novamente os erros. Naqueles dias houve mudança de vida e quebrantamento, sinais evidentes do verdadeiro arrependimento (abandono do pecado para voltar-se a Deus) que é uma das doutrinas fundamentais da fé cristã (Rm. 2.4; II Pe. 3.9).

a) Resgate da história:  
Eles poderiam até esquecido da história de seus antepassados, mas os lideres fizeram questão e tiveram o zelo em lembrar-lhes. Resgataram a história e trouxeram a memória somente o que aumentava a esperança deles (Lm 3.21), pois reconheceram Deus como Criador, lembraram das promessas a Abraão, das misericórdias e operações no Egito e no deserto, da glória no Sinai, das provisões mesmo diante da dureza dos corações e das inúmeras vitórias antes e depois de entrarem em Canaã. Na saída do Egito foram cerca de três milhões, felizes com a libertação, mas com Zorobabel, Esdras e Neemias menos de cinqüenta mil retornaram que aliados com o restante que não foram levados cativos (1.3) reconstruíram o muro, viveram o verdadeiro avivamento seguido do arrependimento e firmaram o novo concerto com Deus.

b) A súplica dos judeus:
Diante do arrependimento demonstrado bastava aos judeus suplicarem pela misericórdia de Deus (9.32) para serem novamente visitados, agraciados e libertos, de uma vez por todas, das consequências do cativeiro (9.32-37). Eles ainda se encontravam na situação de escravidão, mesmo estando em seu próprio território.

A aliança feita com Abraão, Isaque e Jacó sempre foi mais forte do que qualquer ato impensado dos judeus e não poderia ser quebrada por qualquer manifestaçãode  insanidade judaica. O que diriam as outras nações, caso Deus interrompesse a sua misericórdia para com Israel devido aos seus constantes erros?

2. ARREPENDIMENTO – (ANTECEDEU O CONCERTO):
O verdadeiro arrependimento move o coração de Deus e implica em mudança de vida e não em remorsos. O resultado destas atitudes humanas é a restauração. Vestir-se de panos de sacos e trazerem terras sobre si (Jó 2.12; 1 Sm 4.12; Lm 2.10) eram sinais de profunda humilhação diante de Deus, mas não caracterizavam o verdadeiro arrependimento (Jl 2.12-13).

A exposição da Palavra (leitura, ensino, explicação, entendimento e aplicação) produziu o efeito desejado no povo (8.9) e permitiu uma aproximação a Deus. Neemias e Esdras estiveram preocupados, desde o início, com o entendimento e não com o sentimento e agora diante do resultado contemplavam o povo agindo com a consciência e não movidos pelo emocionalismo. Algo como escamas caíram de seus olhos e não resistiram diante de tanto quebrantamento. Isto por si só já seria suficiente para evitarem erros no presente e futuro.

a) Sinais do verdadeiro arrependimento:
O arrependimento e posterior mudança de vida foi notado entre os judeus naquele dias. Foi uma ação consciente e não mero fruto da emoção pelos últimos acontecimentos.

b) Apartação de povos idólatras (9.2):
O grande problema de Israel após a sua entrada em Canaã foi a relação com os seus vizinhos e com os povos que não foram expulsos, pois sempre ficaram propensos a idolatria, abominação para Deus (Dt 18.9-12). Uma das principais evidências de que estava ocorrendo uma mudança no povo foi justamente o fato de se colocarem em posição para agradarem a Deus, desta forma se afastariam de outros povos e de seus inúmeros deuses.

A grande preocupação de Esdras, o sacerdote, foi com os casamentos mistos, por isto determinou que os judeus despedissem suas mulheres estrangeiras (Ed 10), pois elas não tinham a mesma fé e o mesmo Deus (II Co 6.14; Jo 3.19-21). Isto não caracterizava um conflito racial, mas sim uma preocupação teológica (10.28). A união com outros povos abria as portas para a idolatria e para o maldoso sincretismo disfarçado. Apartando destes povos, os judeus, ficavam livres de seus costumes pagãos. O resultado desta atitude foi o despertamento espiritual de todos.

O casamento misto foi um dos grandes problemas do rei Acabe que casou-se com Jezabel, uma estrangeira (I Re 16.31) e o mesmo fato foi repetido pelo rei Salomão que se casou com muitas mulheres estrangeiras, pervertendo o seu coração (I Re 11.1-2).

3. CONCERTO (ANTECEDEU O AVIVAMENTO):
A alegria, pós reconstrução de Jerusalém, levou os judeus a firmarem um novo concerto, pelo qual se comprometiam em obedecerem a vontade de Deus, sendo que uma das principais promessas foi em não contraírem casamento com seus vizinhos pagãos (10.30) e observarem o sábado (10.31) entre outras obrigações.

A exposição da Palavra (leitura, ensino, explicação, entendimento e aplicação) fez com que os judeus não ficassem somente reféns da emoção, mas serviu para que exteriorizassem todo o desejo por mudança. Um avivamento sem Palavra, experiências e prática não produz o resultado esperado, apenas aprisiona o povo a uma dimensão sentimental.

A reforma espiritual foi concretizada no momento da efetivação do concerto. Esta foi a prova de que o avivamento foi capaz de produzir mudança de vida, dando condições para requisitarem as bênçãos de Deus. A única exigência de Deus (Dt 10.12-13) neste caso foi a obediência, justamente o ponto fraco deles (Dt 8.20; Dn.9.11; At 7.39).

Os sacerdotes, levitas e os lideres do povo (9.38) se uniram em prol de um concerto pelo qual se comprometeriam em andar segundo a lei de Deus. As conseqüências pós exílio ainda perturbavam a mente dos judeus, por isto eles mesmo enxergaram a necessidade de mudança em suas vidas, ainda mais após o extenso e detalhado histórico de queda de Israel e das providências de Deus (9.4-38).

a) Os lideres como exemplo (10.28,29):
O exemplo deveria partir da liderança e eles se portaram exemplarmente demonstrando todo o interesse pelo concerto. A resposta foi imediata do povo, que admiraram aqueles homens e seguiram-nos. A conduta no caráter falou mais alto que muitas palavras (I Pe 5.3).

Os judeus jamais teriam tomado a decisão caso não tivessem visto a liderança se apresentando diante de Deus, desejosos pela mudança (I Tm 4.12).

Neemias, líder político e Esdras no campo religioso foram os primeiros a selarem o concerto (10.1), logo após foram os sacerdotes (10.2-8), depois os levitas (10.9-13), os chefes de famílias (10.14-27) e finalmente todo o povo (10:28). A assinatura de todos validou aquele documento.

4. AVIVAMENTO (NÃO FOI SUPERFICIAL):
A exposição da Palavra (leitura, ensino, explicação, entendimento e aplicação) promoveu um grande avivamento entre os judeus, conduzindo-os ao arrependimento, condição essencial para o concerto.

O avivamento gerado pela exposição (leitura, ensino, explicação, entendimento e aplicação) da Lei não se restringiu apenas a cânticos e celebrações, apesar, que eles não encontravam motivos para cantarem em terras estranhas (Sl 137), então agora poderiam sem nenhum problema. Motivos para alegria não faltavam, haja vista estarem diante da obra concluída e terem resgatados parte da tradição, da religiosidade e do nacionalismo. O essencial era que este avivamento gerasse contrição, confissão de pecados e arrependimento e foi isto o que realmente aconteceu.

Os judeus reconheceram o desprezo que manifestaram pela Palavra e que todos os anos em que estiveram no exílio foram consequências de seus próprios erros, mas tinham ciência que Deus estava lhes proporcionando uma nova chance, uma oportunidade para se aproximarem (II Cr 7.14) a fim de serem restaurados.

O exemplo dos líderes que decidiram pela observância integral da lei de Deus foi o grande fruto do avivamento experimentado pelos judeus, pois todos foram incentivados a demonstraram o mesmo compromisso incondicional.

Isto prova que aquele avivamento teve resultados duradouros e não superficiais como acontecem em muitos casos atuais. O certo é que o segundo estado foi bem melhor que o primeiro, por isto é que podemos afirmar que Jerusalém não era mais a mesma, estava bem diferente.

a) Frutos materiais e sociais do avivamento:
As melhoras foram vistas em sua estrutura (os muros reconstruídos e as portas levantadas), na sua economia (os ricos devolveram as terras e casas que haviam tomado dos pobres e os sacerdotes voltaram a cuidar da Casa de Deus), mas a mais importante transformação foi no campo espiritual, sem a qual todas as outras não teriam acontecido.

b) Frutos espirituais pré avivamento:
A grande reforma espiritual somente foi possível porque o povo demonstrou fome pelo ensino da lei, a qual produziu um grande avivamento e, por conseguinte, a confissão dos pecados. Se estivessem, desta forma, certamente não teriam sido levados para o cativeiro.

5. COMENTÁRIOS ADICIONAIS:
  • Característica marcante dos judeus daquele episódio: “Maria vai com as outras”, com todo o respeito, mas se Neemias não tivesse colocado a mão na massa, se os obreiros não tivessem se esforçado na leitura e explicação da Palavra e se os levitas, sacerdotes e os lideres não tivessem se purificado, certamente eles estaria até hoje vivendo entre os escombros, mas graças a Deus que esta característica é um bom exemplo a ser seguido;
  • Frutos do avivamento: arrependimento, confissão e o concerto;
  • Frutos do concerto: zelo pelo Templo, necessidade da adoração (um dia) e preocupação com a manutenção do Templo e do culto;
  • Como os judeus gostavam de auto-humilhação, com vestes de pano de saco, terra na cabeça, jogando-a no ar, alguns certamente andariam preparados com seus kits de humilhação, composto de capas e saquinhos de terra no bolso, vai que precisasse em algum momento. Os judeus jogaram quase um caminhão de terra para o ar quando Paulo fazia sua primeira defesa (At 22.22-23);
  • Quando os judeus foram lembrados de sua história, das operações de Deus no passado (Ne 9), estavam na verdade, presenciando uma prévia do que seria o sermão de Estevão;
  • Quantos não voltariam quando se deparassem com a mesma visão que Neemias teve ao chegar em Jerusalém? Certamente diriam: “Eu, vou embora, este povo que permaneça nesta situação, estou fora, já tentei de tudo”;
  • Como os israelitas perturbaram Neemias? Tanto quanto tiraram Moisés do sério. Para isto eles eram especialistas. O próprio Deus deu testemunho deles a respeito disto;
  • Quando Neemias voltou a Jerusalém, pela segunda vez (Ne 13.7), correu para conferir o fruto do avivamento e concerto que havia sido testemunha. Ele não suportou a degradação e espancou alguns que estavam misturados aos pagãos (Ne 13.23-25).
Por: Ailton da Silva - 5 anos (Ide por todo mundo)

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