Páginas

sábado, 10 de outubro de 2015

A lógica sequencial da criação


A preocupação de Deus com a humanidade foi tão grande que o levou a planejar criteriosamente cada ato durante os dias da criação. O homem foi criado após todas as outras criaturas, uma honra? Ou favor? O certo é que o homem não conseguiria viver nas condições primárias da Terra.

Deus criou o homem somente depois de propiciar todas as condições de vida e mordomias[1], porém mesmo diante de tamanha revelação ainda nos perguntamos se não teria sido melhor criá-lo no primeiro, antes do surgimento da luz, do sol, do ajuntamento das águas, do aparecimento da porção seca, do mundo botânico, dos animais, peixes e aves? Quem sabe assim a coroa da glória da criação seria capaz de visualizar todo o amor e preocupação dispensados a ele, ou então valorizaria mais todo o esforço Divino.

MELHOR DIA PARA CRIAR O HOMEM!
O plano de Deus já previa a criação do homem somente no sexto dia, pois sabia que ele não sobreviveria às condições originais apresentadas pela Terra.

Dentro dos seis primeiros dias seria necessário o estabelecimento das condições mínimas de sobrevivência para que então a coroa da glória da criação não encontrasse dificuldades.

O planejamento foi necessário, pois não haveria uma segunda chance ou opção para reforma. A grande certeza é que Deus não queria deixar brechas para contestação ou o direito para que algum homem pudesse tomar para si a glória por todo o trabalho realizado. Não havia obstáculo para que a singela[2] e bonita criação não se adaptasse à sua nova morada.

O homem não poderia ter sido criado no primeiro dia, pois a Terra estava sem forma, vazia e em trevas. Certamente ele ficaria em uma completa escuridão, perdido, sem rumo, isto contraria um dos princípios básicos da salvação[3].

É inadmissível imaginarmos Deus dando vida a sua criação e a colocando nas trevas para ficar esperando pelos seus tropeços e erros, pois o seu maior desejo é que o homem ande na luz assim como Ele está.

Que decepção seria para o homem quando abrisse os seus olhos e se deparasse com as trevas? Era aquilo que Deus havia preparado para ele? O que dizer então do tempo que ficaria esperando para que a terra atingisse o estágio final, após todo o processo de criação? Certamente reclamaria do período de espera[4] entre a primeira declaração Divina para que houvesse luz e a última, lá no sexto dia. Se lhe fosse permitido diria a Deus: “Se possível, afasta[5] de mim este cálice”!

Se tivesse criado o homem no segundo dia, este encontraria dificuldades para sua adaptação, pois não existiria nenhum tipo de proteção contra os elementos ardentes dos céus, ainda que Deus não tivesse criado o sol, mas a falta da proteção seria sentida a partir do momento em que fosse atacado pelo inimigo, que não se cansaria até vê-lo caído.

Certamente ele reclamaria para si uma proteção, um campo de força para protegê-lo. Quem sabe não diria: “Pai, eu sou teu servo, não mereço isto”.

No terceiro dia o homem estaria na claridade, já protegido[6], mas estaria em um local tomado pelas águas sem terra firme, sujeito às correntezas, ondas, tempestades, etc., sem contar que a falta de solo firme inibiria a presença das árvores frutíferas, de onde proveria o seu sustento.

Faltaria ao homem asas para sobrevoar sobre aquele inóspito ambiente ou ele não atentaria para este detalhe? Muitos não suportariam esta situação e cobrariam mudanças.

Israel, diante do cerco egípcio, não recebeu asas para sobrevoar o mar Vermelho, mas ao contrário do que ocorreu na criação, as águas[7] foram separadas para que os israelitas atravessassem a seco, pisando em solo firme.

Se fosse criado no quarto dia ele ficaria perdido no tempo, não teria o sol para determinar dias e anos e tampouco a lua e as estrelas para clarear a sua noite.

No quinto dia o homem não encontraria os peixes e animais marinhos e aves do céu, potenciais alimentos.

Já no sexto dia era preciso que Deus criasse primeiro os animais em espécie e tão logo visse a Terra oferecendo condições dignas de vida poderia então dar vida ao homem, ou seja, jamais o colocaria em um lugar onde não pudesse, ao menos, buscar o seu próprio sustento.

O final da criação culminou com este casamento perfeito, mas bem antes, durante os primeiros contatos com a Terra, Deus já demonstrou o seu amor e preocupação com o bem estar do homem, pois ao contemplar um terreno caído, deformado, escuro, o Grande Arquiteto e Construtor enxergou a necessidade de uma urgente intervenção, por isto planejou, estruturou, remodelou e decorou.

Assim Deus viu a Terra sem forma e vazia, arquitetou e executou um plano perfeito, decorou a seu gosto, para proporcionar meios de sobrevivência para então criar o homem consolidando assim esta união, que poderia ser eterna se não fosse à intervenção do inimigo.

Esta harmonia foi afetada quando o homem caiu no pecado, tendo o inimigo ao seu derredor. Esta influência foi tão grande que o fez acreditar na auto-suficiência, no seu limitado conhecimento do bem e do mal e nas suas próprias forças para resolver os seus problemas, anulando desta forma as providências e as misericórdias de Deus.

A intenção deste inimigo foi tão somente destruir, afastar e interromper a comunhão perfeita que existia entre o homem e o seu Criador, se pudesse ele teria feito isto durante os dias da criação, porém não pode interferir no momento em que a Terra estava sendo preparada. Depois de tudo pronto viu o homem perfeito, isto o enfureceu ainda mais, motivo pelo qual executou o plano da queda humana e até hoje continua nesta sua batalha pessoal.

Apesar de toda a interferência maligna é necessário ressaltar que o homem teve a sua parcela de culpa nesta que foi uma das maiores demonstrações de desobediência, já visto na história da humanidade.

Diante do pecado consumado restava somente ao homem admitir, reconhecer e se preparar para as conseqüências do seu erro, não teria como voltar, ignorar, esquecer, suplicar, clamar por perdão, misericórdia, tampouco se auto incluir no plano da salvação, pois o sangue do Cordeiro ainda não havia sido derramado. Prevenir antes, houve possibilidade, remediar diante desta situação calamitosa já não seria mais possível. Tudo estava consumado, não restava alternativa a não ser cumprir na integra a sentença.

Adão teve toda a sua vida, cerca de novecentos e trinta anos para refletir sobre o seu erro e para contemplar a misericórdia Divina, que mesmo diante desta situação se fez presente em sua vida. O passado ainda estava fresco na mente, era pó e continuava na mesma condição. Não teria como esquecer isto ou mudar esta situação. Em relação ao presente estava totalmente carente da Glória de Deus, estava colhendo o que havia plantado no jardim do Éden. Agora teria pela frente o sofrimento, suor, a dura constatação da perdição acompanhada da certeza do resgate. Este era o futuro do homem.

As consequências deste erro perduram até a atualidade, pois o homem se imaginando conhecedor do bem e do mal, julga, condena inocente, absolve culpado, planeja, arquiteta, executa, desfaz, mata, rouba, mente, não respeita direitos, não cumpre deveres, busca os primeiros lugares, são amantes de si mesmo, oprime as viúvas e os órfãos, faz o bem com uma das mãos e revela com a outra, acredita em fábulas, anedotas, ama somente os amigos, odeia os inimigos, oprime, blasfema, persegue, rejeita, endurece o coração para a voz do Espírito Santo, não reconhece o sacrifício do Calvário, não busca a Deus e faz oposição.

Apesar de todos estes delitos acima existe um outro pior, o desejo de se igualar a Deus[8]. Desta forma o homem se imagina em condições de resolver todos os seus problemas e os da criação, que julga estar imperfeita, inacabada e que necessita de uma urgente reforma.

Mesmo destituído da glória e expulso do paraíso, o homem ainda estava nos planos de Deus.



[1] Regalias para se manter integro diante de Deus.
[2] A perfeita criação se tornaria um monstro após a consumação do pecado.
[3] Andar na luz, como na luz Ele está (I Jo 1.7)
[4] Seis dias de 24 horas? Anos? Eras?
[5] Teria condições de comparar o estado atual com o anterior? Sequer existia.
[6] Dos elementos ardentes do céu.
[7] Na criação as águas foram ajuntadas e no mar Vermelho foram divididas e em ambos os casos apareceram a porção seca para benefício do homem.
[8] O homem tenta se igualar, pois é impossível se tornar maior.

Por: Ailton da Silva - 6 anos (Ide por todo mundo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário